sábado, agosto 12, 2006

Ruínas romanas da Abicada estão ao abandono


O presidente da Câmara de Portimão voltou a garantir que nenhum projecto será aprovado para a Ria de Alvor, sem a anterior elaboração de um plano de pormenor para a área.


A estação arqueológica está ao abandono e, depois de ter visto a cerca reconstruída, volta a estar à mercê de vandalismo e de quem quer levar consigo uma pedrinha do mosaico (tecela) para recordação.

O IPPAR prevê inscrever na sua proposta de investimentos para 2007 a consolidação dos mosaicos, a elaboração de um programa de base para a cobertura das ruínas, a instalação de sinalética e até o aumento da escavação, mas tudo isso depende da aprovação do Governo.



O que é a Abicada

Localiza-se num pequeno terraço geológico sobranceiro à Ria de Alvor, em condições ambientais privilegiadas, entre Lagos e Portimão.

Na Época Romana, dependia administrativamente de Lacobriga (actual Lagos) ou Cilpes (actual Silves), núcleos urbanos que disputam o estatuto de capitalidade na ciuitas que abrangia o Barlavento Vicentino e o vale do Arade.

Com acesso directo à ria, então navegável, dispunha de um cais de acostagem e encontrava-se perto de núcleos populacionais com alguma importância e que exerceriam a sua influência: Ipses (Alvor) e, na foz do Arade, Portus Hannibalis (Portimão).

A parte da domus até agora posta a descoberto apresenta uma disposição rigorosamente geométrica e linear, constituída por três corpos distintos unidos por uma galeria porticada que corria do lado sul, aberta para a ria e por onde se acedia à parte residencial.

Os restantes componentes da uilla — as termas, o alojamento dos servos e outros elementos indispensáveis a uma exploração agrícola — estariam dispersos por uma vasta área, provavelmente localizada na plataforma onde hoje se ergue a Quinta da Abicada e sob os terraços da moderna exploração agrícola.

O corpo central organiza-se em torno de um tanque hexagonal central, com colunas, colocadas em cada vértice do hexágono, onde se apoiava a cobertura de um corredor porticado que rodeava o tanque e dava acesso a seis compartimentos rectangulares, com pavimento revestido a mosaico, possivelmente com a função de quartos de dormir.

No corpo poente os compartimentos, revestidos por mosaico, são organizados em torno de uma dependência centralizada, quadrangular. Em redor, desenvolve-se um corredor periférico que comunicava com os restantes compartimentos.

No corpo nascente, as divisões organizam-se a partir de um corredor axial. A não existência de mosaicos tem levado à identificação desta área como zona de serviços da domus.


23 de Junho de 2006







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