quinta-feira, março 27, 2008

SABORES CAPARICANOS!

No povoamento de grande parte do nosso litoral, arenoso, de acesso fácil e de mar amigo tiveram papel fundamental os habitantes de Ílhavo e seus descendentes que, numa primeira fase para aí se deslocavam de forma sazonal para, posteriormente e com o decorrer do tempo se irem fixando definitivamente. O litoral da Caparica foi zona incluída nessas migrações sazonais, que tinham lugar nos meses chamados da "safra", isto é Outubro, Novembro e Dezembro, onde além dos povos de Ílhavo também para aí se deslocavam outras gentes vindas do sul, especialmente, do Algarve.

Estas migrações deram origem à constituição de pequenos aglomerados populacionais, construídos inicialmente de forma precária e utilizando materiais existentes no local. Daí terem surgidos no litoral da Caparica, especialmente nas zonas hoje conhecidas por Costa de Caparica, Fonte da Telha e Trafaria construções precárias feitas com junco e colmo pelos próprios pescadores e a que largavam fogo quando terminada a época da campanha se retiravam para as suas terras.

Só a partir de 1770 há notícia de fixarem domicílio, com moradas de um pouco melhor qualidade, os mestres e suas companhas: José Gonçalves Bexiga, algarvio; Joaquim Pedro, de Ílhavo; Romualdo dos Santos, algarvio e José Rapaz, de Ílhavo. Anos mais tarde, fixaram-se, igualmente, os mestres José dos Santos, Jerónimo Dias, João Lopes e Manuel Toucinho.

Com o decorrer dos anos, em consequência do povoamento híbrido de gentes vindas de Ílhavo e do Algarve, foi-se criando uma cultura própria e, de igual forma, nasceu uma culinária genuína, especialmente baseada nas dádivas do mar e nos mimos das hortas da Costa. Os ingredientes utilizados são simples, pouco elaborados e de custo reduzido, tendo em conta as dificuldades financeiras que a população originária apresentava, recorrendo-se, por isso, a uma grande imaginação. Apesar de voltada para o mar a cozinha típica caparicana não enjeita os pratos de carne, especialmente os enchidos, e os mimos hortícolas, criados nas chamadas hortas da Costa.

Em resultado do muito carinho de cozinheiras antigas e do empenho de Carlos Ferrinho, também conhecido por Carlos Capote, que publicou o livro "GOSTOS", com fotografias de António Homem Cardoso e Vale Figueiredo, hoje em dia os Comeres Caparicanos não se resumem à tradicional caldeirada, que tem o seu ponto máximo num concurso que anualmente se realiza no mês de Janeiro, mas abrangem uma vasta panóplia de pratos de peixe e de carne, de doces e de petiscos.








Outros Sabores a Mar

Prolongamento natural dos Sabores Caparicanos, "Outros Sabores a Mar" apresentam um conjunto de receitas recolhidas um pouco por toda a parte, tendo como base as cadelinhas (ou conquilhas como outros lhe chamam), as amêijoas, os berbigões e os mexilhões, mas também as lapas, as ostras e os lingueirões (ou canivetes). Sempre que conhecida indicaremos a origem. Nestes manjares que o mar oferece, os acertos de confecção, quando tal acontecer, são da responsabilidade de Maria Teresa Reis.


Amêijoas

Amêijoas c/ Presunto e Salsa Sopa de Amêijoas c/ Arroz Amêijoas com Tomate
Sopa de Amêijoas Amêijoas de Fricassé Amêijoas com Tomate - 2
Amêijoas na Cataplana Amêijoas à Algarvia Amêijoas Gratinadas
Sopa Creme de Amêijoas Amêijoas à Marinheiro Amêijoas à Espanhola
Amêijoas à Bulhão Pato Sopa da Nh'Avó Amêijoas na Cataplana - 2
Amêijoas à Portuguesa Canja de Amêijoas Sopa de Feijão c/ Amêijoas
Açorda de Amêijoas Amêijoas de Coentrada Amêijoas à La Creme
Amêijoas com Aipo Sopa de Amêijoas - 2 Amêijoas com Chouriço
Sopa de Amêijoas à Ribatejana Amêijoas à Macaense Amêijoas de Acepipe
Amêijoas Escondidas Sopa de Amêijoas - 3 Sopa de Grão com Amêijoas
Petisco de Amêijoas Salada Algarvia Amêijoas do Desafio
Amêijoas na Cataplana - 3 Picadinho de Amêijoas Amêijoas do Pescador
Amêijoas com Tomate - 3 Arroz à Siciliana Amêijoas com Tomate - 4
Amêijoas à Marinheiro Amêijoas na Cataplana - 4 Amêijoas na Cataplana - 5
Alcachofras com Amêijoas Amêijoas c/ Molho Picante Amêijoas com Pimentos
Amêijoas à Espanhola - 2 Amêijoas Picantes Sopa de Amêijoas c/ Molho Ovo


Berbigões


Cadelinhas (ou Conquilhas)



Mexilhões
Mexilhões à Tailandesa Mexilhões à Portuguesa Mexilhões com Molho Tártaro
Mexilhões c/ Molho de Tomate Mexilhões c/ Molho Escabeche Sopa de Mexilhões
Ragout de Mexilhões Coroa de Arroz com Mexilhões Sopa de Mexilhões - 2
Mexilhões com Natas Mexilhões à L'Aguillo Caril de Mexilhões
Mexilhões Recheados Arroz de Mexilhões com Natas Mexilhões à Zé do Pipo
Caldeirada de Mexilhões Mexilhões c/ Presunto e Natas Arroz de Mexilhões c/ Salsichas
Petisco de Mexilhões c/ Linguiça Arroz de Mexilhões à Valenciana Mexilhões c/ Manteiga de Caracóis
Mexilhões à Costa do Sol Espaguete c/ Alho e Mexilhões Caldeirada de Mexilhões - 2
Mexilhões de Cebolada Mexilhões à Provençal Mexilhões Suados c/ Espumante
Mexilhões Gratinados Creme de Abóbora c/ Mexilhões Mexilhões Suados à Marinheira
Salada de Mexilhões Mexilhões com Caril Mexilhões Fritos
Mexilhões das Antilhas Mexilhões com Coentros Mexilhões Gratinados - 2
Arroz com Mexilhões Mexilhões Recheados - 2 Mexilhões de Caldeirada
Espetadas de Mexilhão à Indiana Mexilhões com Vinho Branco Mexilhões Marinados
Mexilhões com Molho de Manteiga Mexilhões com Brandi Mexilhões com Massa
Sopa de Mexilhões à Italiana Creme de Mexilhões Creme de Mexilhões - 2
Mexilhões Picantes Creme de Mexilhões c/ Espinafres Mexilhões Gratinados - 3
Sopa de Mexilhões - 3 Espetinhos de Mexilhões e Pimentos Mexilhões Gratinados - 4




Lapas


Ostras


Lingueirões (ou Canivetes)


Búzios e Buzinas


Diversos




Sabores a Mata

A Costa de Caparica, lugar de eleição pela sua situação geográfica, situa-se entre o mar azul e a verde mata assentando-lhe, igualmente com perfeição, o epíteto "terra onde o céu azul é mais azul". Daí ser adequado apresentar um conjunto de receitas culinárias tendo como base da sua confecção ingredientes que têm na mata o seu berço e o seu meio privilegiado de vivência: os cogumelos e os míscaros.



Míscaros



Cogumelos



As Refrescantes Sangrias

As sangrias acompanham maravilhosamente os Sabores a Mar e os Sabores a Mata. Daí apresentarmos uma compilação de receitas de sangrias que esperamos venham a fazer as delícias dos mais encalorados e dos outros também.




Ginjinha com... e sem elas

Receitas de uma bebida espirituosa tão tradicional na região de Lisboa, e na margem Sul do rio Tejo, como é a "Ginjinha" não poderia estar ausente deste repositório. Nesse sentido aqui apresentamos as receitas que nos foi possível recolher.

ONZE MESES...

Caminhar no vale perdido de Odelouca

A Liga para a Protecção da Natureza – LPN promove um passeio por uma secção do vale da Ribeira de Odelouca, local que em 2009 vai estar submerso.

A caminhada inclui a observação de uma das zonas de vegetação ripícola melhor preservada das ribeiras algarvias.

A LPN vai juntar um grupo de artistas algarvios e não só (artistas plásticos, fotógrafos, realizadores, poetas, escritores) para realizar uma “Caixa de Memórias” sobre este vale, com o intuito de deixar um registo às gerações futuras.

O passeio tem a duração aproximada de 6 horas, com subidas e descidas às vezes pedregosas, num caminho de terra batida, mas em passo de passeio. O percurso está classificado com dificuldade média.

A organização aconselha os participantes a levarem calçado forte, anti derrapante, água e farnel.

A LPN aceita inscrições até às 12h00, de dia 13 de Abril, através do e-mail lpn_algarve@yahoo.com ou mensagem para o telemóvel 962555685 (indicando nome, data de nascimento, nº de BI ou Passaporte, para efeitos de seguro obrigatório).

As inscrições têm o valor de 1 euro para sócios e 5 euros para não sócios.

Os pontos de encontro para o início da caminhada são largo da Estação da CP em Portimão (10h00) ou o Café Ourique, na estrada 124 entre Porto de Lagos e Odelouca (10h30).

quarta-feira, março 26, 2008

Mais Tradição! Uma Festa que vale a pena ir!

5.ª Prova do Folar na Guia

5ª Prova do Folar
A 5.ª Prova do Folar juntou centenas de pessoas na Freguesia da Guia, no Domingo de Páscoa, a fim de provarem o mega folar, servido pelo presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Desidério Jorge da Silva.

Este evento visou contribuir para o desenvolvimento cultural da região, assumindo também, pela sua visibilidade e impacto mediático, um papel fundamental na dinamização turística e no desenvolvimento da actividade económica desta Freguesia.

A animação esteve a cargo da artista Julieta e do Rancho Folclórico de Paderne.

V Festival de Gastronomia Serrana - De 29 de Março a 13 de Abril


O concelho de Tavira recebe, de 29 de Março a 13 de Abril, o V Festival de Gastronomia Serrana. O evento decorre nos estabelecimentos de restauração aderentes.

O Festival tem como principais objectivos a promoção dos sabores e saberes das gentes serranas, bem como manter viva a tradição da boa mesa.

Os participantes podem habilitar-se a ganhar um fim-de-semana numa das seguintes unidades hoteleiras: Vila Campina – Luz de Tavira, Herdade da Corte – Santa Catarina da Fonte do Bispo e Pequeno Castelo – Santo Estêvão.

segunda-feira, março 24, 2008

Continuação da História dos Lobbys Por Terras Algarvias

APONTAMENTOS SOBRE O SÉCULO VINTE ALGARVIO IX

Por Libertário Viegas


Outro acontecimento importante do séc. XX algarvio foi a criação do hoje florescente concelho de S. Brás de Alportel, pelo que se torna interessante, do nosso ponto de vista, referir o acontecimento e os principais políticos que nele intervieram, particularmente João Rosa Beatriz, republicano, maçon, carbonário e empenhado participante nas movimentações que levaram à implantação da República.


Aquele destemido são-brasense foi um grande defensor da criação do ramal ferroviário que, partindo da estação de Loulé, serviria a “vastíssima e populosa região louletana-alportelense” como salienta Estanco Louro (1), que verberou com veemência o “crime monstruoso” que foi a não satisfação do justo anseio das gentes das duas importantes localidades.


A sua intervenção junto de José Mendes Cabeçadas, de Coelho de Carvalho e de outros deputados e senadores algarvios é referida pelo próprio(2) e mostra bem as influências que o político era capaz de mover em defesa da sua terra.


Lembremos que no “ilhéu de industrialização” que, segundo Villaverde Cabral (3), a nossa região constituía na época e a posição de S. Brás de Alportel como centro corticeiro, facto salientado no projecto de lei que, para a criação do concelho, Machado Santos apresentou no Parlamento.


Ali se dizia que a “mais populosa das freguesias rurais do país” era responsável por 50% da produção corticeira nacional (4). A mais populosa e rica das freguesias de Faro (com 11.166 habitantes, cerca de 33% da população do concelho) a localidade contribuía significativamente para as finanças municipais, o que justificava que os farenses contrariassem vivamente a aspiração das suas gentes de S. Brás e reclamassem que queriam ser ressarcidos.


Mas a aspiração que os republicanos agitavam de longa com a criação, em 1906, de uma comissão pró-concelho, em que pontificavam José de Sousa Uva, Virgílio de Passos e Bernardo Passos, viria a concretizar-se em 1 de Junho de 1914.


Para além dos citados há que referir mais alguns protagonistas das movimentações próximas da criação do concelho de S. Brás de Alportel.


É um conjunto de homens da segunda geração de republicanos locais - João Rosa Beatriz, Virgílio de Passos e Júlio César Rosalis, elementos do triângulo maçónico fundado em 1911 e de que o Beatriz era o mais activo (pertencia à Maçonaria e à Carbonária, já era veterano).


Reconhecer o papel notável de J. Rosa Beatriz junto de membros do Governo, parlamentares e personalidades importantes de movimentos da sociedade civil (Magalhães Lima, Luz d’Almeida, João Chagas e Machado Santos), não pode levar-nos a esquecer a acção que ao longo de muitos anos foi desenvolvida por grande número de sambrazenses.


Apesar da forte oposição dos políticos farenses à concretização do velho sonho local muitos republicanos de S.Brás terem integraram órgãos administrativos de Faro - João de Sousa Uva, foi de 1910 a 1913 vereador e presidente da Comissão Municipal, Bernardo Passos, começou em 1910, como administrador do concelho, e depois ficou como secretário da Câmara até 1930, e Júlio Rosalis foi Governador Civil (1911/1912).


Aos farenses, em que predominavam os Democráticos, moveram todas as suas influências para chumbar as pretensões dos políticos sambrazenses, maioritariamente Evolucionista, mas «não lhes valeu o sagrado».


O processo foi longo e difícil mas a tenacidade de João Rosa Beatriz e a dedicação de Machado Santos, incansável no acompanhamento parlamentar do caso, acabaram por levar de vencida os escolhos que lhes semearam no caminho.


Em Dezembro de 1912 Machado Santos, que acompanhou sempre o processo, apresentou o projecto de lei à Câmara de Deputados de onde, depois de parecer favorável da Comissão de Administração Pública, subiu ao Senado. O diploma foi eloquentemente defendido pelo dr. Leão Magno Azedo (que exercera clínica em S. Brás) e apoiado por muitos políticos importantes na época - os algarvios Tomás Cabreira, Coelho de Carvalho e José de Pádua e os não algarvios Germano Lopes Martins, Costa Xavier, Rovisco Garcia, Manuel S. da Câmara, Aníbal Sousa Dias, Ribeiro de Carvalho, Pedro Morais Rosa, Urbano Rodrigues, Francisco Sousa Dias e Daniel José Rodrigues.


Os democráticos farenses contentavam-se com reclamar compensações materiais por se sentirem lesados com a criação do vizinho concelho concretizada Junho de 1914 (Lei nº. 178).Os primeiros responsáveis foram José Martins Sancho (P. da Câmara), Virgílio Rodrigues de Passos (P. da Comissão Executiva) e João Rosa Beatriz (Administrador do Concelho).


(1) - ESTANCO LOURO, Manuel Francisco - O Livro de Alportel, Lisboa, 1929, pp.152-155;

(2) - BEATRIZ, João Rosa - “O Testamento Político de João Rosa Beatriz”, em livro com o mesmo título, da autoria de DUARTE, Maria João Raminhos e de PIRES, Paulo Jorge, Lisboa, Edições Colibri/C.M. de S. Brás de Alportel,2003, p.102;

(3) - VILLAVERDE CABRAL, Manuel - “Portugal na Alvorada do Século XX”, Lisboa, A Regra do Jogo, 1979, p. 284;

(4) - ESTANCO LOURO, Manuel Francisco - “O Livro de Alportel”, Lisboa, 1929, p. 95;











APONTAMENTOS SOBRE O SÉCULO VINTE ALGARVIO X


Já aqui salientámos que Villaverde Cabral1 considerava a nossa região como um ilhéu de industrialização na transição dos séc. XIX-XX ainda que pouco diversificada, limitada essencialmente às pescas, conservas de peixe e construção naval, no litoral, tecelagem, extracção/transformação de cortiças e conservação de frutos secos mais para o interior.


A transformação de cortiça, por exemplo, era manifestamente importante em Silves, S. Bartolomeu de Messines, S. Brás de Alportel e Faro.


Para Machado Santos no projecto de lei que apresentou no Parlamento para a criação do concelho de S. Brás de Alportel referia-se explicitamente ao assunto, dizendo que os habitantes da “mais populosa das freguesias rurais do país” eram responsáveis pela transformação de 50% da produção corticeira nacional.2


Efectivamente naquela localidade laborava-se não só a cortiça regional mas ainda grandes quantidades provenientes do Alentejo e de Espanha, embora ali não se tivesse como em Silves evoluído para poucas mas grandes unidades produtoras de rolhas. Em S. Brás existiam largas dezenas de “fábricas” de dimensão familiar essencialmente vocacionadas para a cozedura e enfardamento de prancha.


Depois de um período áureo da indústria corticeira sambrazense (de meados do século XIX a princípios do século XX), o capital e muita da excelente mão de obra local migraram para sítios onde o escoamento era mais fácil. É de destacar novamente que a falta de transportes ferroviários e as autênticas estradas de almocreves constituíram um entrave ao desenvolvimento local.


A qualidade dos trabalhadores e dos pequenos industriais ficou bem patente nos óptimos resultados que conseguíram nos sítios para onde partiram - Faro, Montijo, Alhos Vedros, Barreiro, Lavradio, etc.


Somos do tempo em que diariamente em Faro dezenas de carroças de tracção animal transportavam afanosamente a cortiça para a doca, frente ao actual hotel Eva, de onde as barcaças à vela levavam os fardos para os trasfegar para grandes navios mercantes que esperavam na barra do porto comum Faro/Olhão.


Outro tanto sucedia com as carroças que vinham do concelho de Loulé carregadas de miolo de amêndoas e de eiras de figo. Torna - viagem iam carregadas de palma e esparto, que eram importados de Marrocos e da Andaluzia e constituíam as matérias primas de muitos arte-sãos e unidades pré - fabris louletanas.


Para termos uma ideia aproximada da importância destas actividades industriais lembramos que numa publicação de 1950 alusiva ao concelho de Loulé (3) ainda encontramos indicação de centenas de exportadores de frutos secos e de importadores, fabricantes e exportadores de artigos de palha, palma e esparto.


1 - VILLAVERDE CABRAL, Manuel - “Portugal na Alvorada do Século XX”, Lisboa, A Regra do Jogo, 1979, p. 284;


2 - ESTANCO LOURO, Manuel Francisco - “O Livro de Alportel”, Lisboa, 1929, p. 95;


3 - PINTO, Raúl R. - Loulé; Roteiro-Guia Histórico, Turístico, Comercial e Industrial do Concelho. Loulé, 1951, pp.160 e 194;








APONTAMENTOS SOBRE O SÉCULO VINTE ALGARVIO XI


Ainda voltaremos às actividades economicamente importantes nos lugares mais recônditos do interior algarvio.


Agora vamos fazer breve referência à indústria conserveira e à pesca, actividades com forte expansão na época e que desde recuados tempos eram objecto da atenção dos algarvios.


Em 1908 existiam 29 fábricas de conserva, que dez anos depois eram cerca de 100, enquanto nos portos algarvios se descarregavam perto de 25% das capturas nacionais. Para além das conservas por escabeche e por salga de que nos fala Baptista Lopes 1, no final do séc. XIX começaram a convergir no Algarve industriais estrangeiros, atraídos pela abundância de peixe que escasseava nas suas regiões.


Os primeiros foram os Delory, da Bretanha, que por volta de 1880 se instalaram em Lagos e Olhão, mas muitos outros vieram, como os Parodi, Tenório e Ramirez, que se radicaram em Vila Real de Santo António


Pela mesma época Feu-Hermanos, industriais na Andaluzia, nomeadamente em Ayamonte, vieram fixar-se na margem direita do Guadiana, vindo a possuir excelentes unidades fabris em Vila Real de Santo António, Olhão, Portimão, Porto Brandão e Setúbal.


Aos estrangeiros, pioneiros da moderna indústria conserveira portuguesa, associaram-se em breve muitos capitalistas locais, como Júdice Fialho, um portimonense que viria a ser o mais importante dos industriais portugueses e que por isso será justo distinguir.


Júdice Fialho, nascido em 1859, deve ser distinguido como figura ímpar de empreendedor algarvio.


Tendo-se iniciado no comércio no barlavento algarvio, João Júdice Fialho estabeleceu-se depois em Faro, onde em 1882 casou com uma filha de Justino Cúmano, aqui iniciando a sua vida industrial como vinicultor e como industrial de destilação de frutos secos, ramo em que, de sociedade com Ferreira Neto, fundou a firma Neto & Fialho.


Foi depois armador, proprietário de armações de pesca de sardinha e de atum, o maior proprietário agrícola do Algarve - com importantes explorações distribuídas pelos concelhos de Olhão, Faro, Loulé, Albufeira, Lagoa e Portimão, nomeadamente os Morgados de Boina, Arge e Reguengo e a Quinta de Quarteira (onde actualmente se situa Vilamoura).


Em 1891 Júdice Fialho começou a lançar o seu “império” no sector da indústria conserveira, fundando a fábrica S. José, em Portimão, a que se seguiram a de Lagos (1899), S. Francisco (1903), Ferragudo (1904) e, depois disso, muitas outras no Funchal, Olhão, Peniche, Sines...


No sector das armações de atum, salientemos que desde finais do século XIX lançou muitas, designadamente as da Torre Alta, Torre da Barra, Pedras Negras e de Bias.


No palmarés de Júdice Fialho como vulto maior da actividade económica daquela época, insere-se ainda o facto de ter sido ele o primeiro armador a utilizar o cerco a vapor - no caso, o “Portugal I”.


1 - BAPTISTA LOPES, João - Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, Vol.1, Algarve em Foco, Faro, pp.97 e 98.












PROCURANDO NO PASSADO

APONTAMENTOS SOBRE O SÉCULO VINTE ALGARVIO XII


No número anterior começámos a falar de João António Júdice Fialho (Portimão, 1895; Lisboa, 1934), distinguindo-o como figura ímpar de empreendedor algarvio, numa época em que a indústria foi florescente na nossa região.


É costume, quando nos referimos a Júdice Fialho, ligá-lo essencialmente às conservas de peixe, sector em que foi indubitavelmente o maior, esquecendo muitos outros em que ele foi muito grande também. Disso iremos falar agora, ainda que sucintamente.


Júdice Fialho iniciou-se, como sabemos, no comércio na sua terra natal como fornecedor de materiais para barcos de pesca, depois do que há um largo período em que esteve familiarmente, e não só, ligado a Faro.


Efectivamente, em 1882 Júdice Fialho casou-se com Maria Antónia Cúmano, filha mais velha de Justino Cúmano, e aqui iniciou a sua actividade como vinicultor e como industrial de destilação de frutos secos, ramo em que, de sociedade com Ferreira Neto, fundou a firma Neto & Fialho.


Seja-nos permitido fazer aqui uma referência às residências farenses de João Júdice Fialho, a primeira das quais se situava na Rua Infante D. Henrique e que, em conjunto com a antiga “Casa de Saúde” (1), foi, durante largos anos, sede do Centro Regional de Segurança Social.


Como esclarecimento, diremos que este Dr. Justino Cúmano foi um médico veneziano que, em 1840, veio a Faro, a convite de seu tio, Dr. Lázaro Doglione, também ele médico, aqui radicado desde 1804, acabando por cá ficar até final da vida (1885).


Para entreter o sobrinho, mais dotado para as artes do que para a medicina, Doglione comprou o antigo Colégio dos Jesuítas, com vista à instalação de um teatro. Justino Cúmano encarregou-se das adaptações e fez do edifício uma réplica do Scala, de Milão, que foi inaugurada em 1845.


Entusiasta pela arqueologia e pela numismática (tinha uma importante colecção de moedas, muitas delas raríssimas), este médico italiano foi ainda presidente do Instituto Arqueológico do Algarve, que Estácio da Veiga fundara.


Outra residência farense de Fialho foi o Palacete Doglione, com fachada principal para a Rua Lethes, e que já foi Escola de Hotelaria e Turismo de Faro (2).


Mas a principal das residências do industrial na capital algarvia é o chamado “Palácio do Alto”, há largos anos (desde os tempos do Bispo D. Francisco Rendeiro) propriedade da Diocese, que ali fez instalar um importante Colégio.


Este importante palácio foi mandado construir em 1945 pelo próprio Júdice Fialho na Quinta do Alto, sendo seu construtor o grande arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior. (3)


(1) - LAMEIRA, Doutor Francisco – “Faro, Edificações Notáveis”, Câmara Municipal de Faro, 1955, p.66;


(2) - id., id., p.65.


(3) - PINHEIRO E ROSA, Prof José António – Monumentos e Edifícios Notáveis do Concelho de Faro”, C.M.F., 1984, pp.25/28.










PROCURANDO NO PASSADO

Apontamentos sobre o Século Vinte Algarvio XIII


Dado que já falámos da firma Neto & Fialho que Júdice Fialho teve em Faro, façamos aqui uma referência ao seu sócio farense, personalidade de primeiro plano na cidade.


Referimo-nos ao farense João José da Silva Ferreira Neto (1 de Março de 1856 - 3 de Maio de 1935) - Engenheiro agrónomo, militante do Partido Regenerador, muito exuberante na sua juventude e ligado a toda a vida política algarvia durante mais de meio século, tendo sido deputado em várias legislaturas, presidente da Câmara Municipal de Faro (de 1890 a 1901) e governador civil (de 1901 a 1904 e em 1906).


Como reacção ao “ultimato inglês” e enquanto presidente da Câmara retirou os seguros à companhia inglesa que os detinha, proibiu a aquisição de material oriundo da Inglaterra e deu à R. de Cadeia o nome de Serpa Pinto.


Foi um presidente de Câmara muito activo a quem se devem o lançamento de quase todas as estradas do concelho, uma série de iniciativas com reflexos na salubridade, como o abastecimento de águas e a construção do matadouro, a fundação do Museu Arqueológico e Lapidar e a colocação de um regimento na cidade. Convidou os reis a visitar Faro em 9 de Outubro de 1897 e na recepção conseguiu de D. Carlos a promessa de conclusão do caminho-de-ferro de Faro a Vila Real de Stº António e de melhoramento dos principais portos, a começar pelo de Faro - Olhão.


A forma como recebeu os régios visitantes valeu-lhe o grau de comendador.


Quanto ao caminho-de-ferro, cujo prolongamento preparou enquanto autarca, o troço Faro/Olhão foi inaugurado em 1904, durante o primeiro período em que esteve à frente do Governo Civil. (1)


Também Ferreira Neto queria terraplanagens urgentes no ramal de caminho de ferro Portimão-Lagos e que, duplicando o proposto pelo director de obras públicas, se inscrevesse no ano seguinte uma verba de sessenta contos para reparação de estradas. Todos os outros deputados fizeram coro e o Governo Central, olhando sobranceiramente, atribuiu ao Algarve... sete contos e quinhentos mil reis.


Voltando à firma Neto & Fialho, já referida, é de assinalar que nessa época a vitivinicultura deveria ter grande peso na economia da região Efectivamente, em 1908 o nosso distrito foi responsável por cerca de 6% (412.143 hl) (2) da produção vinícola do continente, que nesse ano foi de 6.869.050 hectolitros, e a crise no sector era então apontada como responsável pela grande miséria que grassava nos campos e que levava o deputado Joaquim TelIo a pedir ao Governo a promoção urgente de obras públicas para minorar a fome.


Outras obras cuja realização ou conclusão se requeria eram as do “Lyceu Novo”, do aterro do Largo de S. Francisco e da construção da carreira de tiro de Faro, cidade onde estava aquartelado o Batalhão de Infantaria 4.


O Liceu foi construído no lugar onde hoje se encontra a Tomás Cabreira que veio ocupar o local deixado, quarenta anos depois, pela João de Deus Liceu Nacional de Faro.


A implantação da carreira de tiro de Faro, na zona onde agora se levantam o Hospital Distrital e uma série de blocos residenciais ficou a dever-se a um outro algarvio – o farense Sebastião Custódio de Sousa Teles (n.1847), general e político que publicou várias obras muito bem recebidas nos meios castrenses e que, no campo político, sobraçou a pasta da Guerra em quatro Governos e presidiu ao que esteve em funções de 11 de Abril a 14 de Maio de 1909.


Reconhecido, o Município da capital algarvia tornou-o patrono de uma Rua do bairro da Estação.


Quanto à agricultura o Ministro das Obras Públicas cometeu a um silvicultor oficial a tarefa de arborizar “as vastidões incultas que o Algarve tem nas suas terras”, como se afirmava na imprensa local .


Assunto também muito falado foi, como referiremos, uma greve importante que alastrou a partir dos soldadores das fábricas de conservas do industrial Júdice Fialho, em Vila Nova de Portimão.


(1)- Prof. PINHEIRO E ROSA – “Três Pessoas e um Museu”, Anais do Município de Faro, 1969, pp. 189-204;

(2) - OLIVEIRA MARQUES, A.H. e ROLLO, Fernanda - “Agricultura, Pecuária e Pescas”, in Nova História de Portugal, vol XI, Editorial Presença, Lisboa, 1991, pp. 102-106;


Libertário Viegas

domingo, março 23, 2008

A Tradição Continua Viva!

Vila do Bispo parte o folar na segunda-feira

Vila do Bispo vai reviver a tradição popular do chamado «partir do folar». Trata-se de uma tradição relacionada com os valores da partilha e da confraternização que tem já várias décadas de existência.

O evento acontece dia 24 de Março, segunda-feira de Páscoa, no Pinhal da Samouqueira, onde inúmeras famílias do concelho se deslocam levando uma cesta de merenda com mexilhões, carnes para grelhar e o tradicional Folar da Páscoa.

A Câmara Municipal de Vila do Bispo vai participar oferecendo três megas folares de 30 Kg, e irá colocar à disposição transporte para todos os munícipes interessados em participar no evento.

A iniciativa, com o início marcado para as 15:00 horas será animada pelo acordeonista Humberto Silva.

Fonte: Jornal do Sul

sábado, março 15, 2008

Festas e Jogos Tradicionais

Festa da Páscoa no Monte Ruivo (Alte)

O Grupo Desportivo Serrano, no Monte Ruivo (Alte), continua a sua aposta nas actividades desportivas e nos jogos tradicionais. Na Festa da Páscoa vai realizar o Torneio da Sueca (21 de Março), o Torneio de Malha na terra (22 de Março) e o Torneio de Vintém (23 de Março).

”Já lá vão 34 anos que o Grupo Desportivo Serrano, no Monte Ruivo (Alte), tem vindo a dinamizar actividades com as pessoas e para as pessoas da freguesia de Alte e das povoações vizinhas” frisa o Grupo Desportivo Serrano, em comunicado.

Mais um Genocídio daqueles que se auto-intitulam de Socialistas!

«Golodomor»: Faro recorda a história de um genocídio

Quando o regime soviético provocou a «Grande Fome na Ucrânia». Ou «Golodomor», o genocídio pela fome. Anos 1933 e 1934. Eis a história que estará retratada em fotografia na Biblioteca Municipal de Faro a partir de dia 15 de Março, sábado.

Na inauguração, às 16:00 horas, estarão presentes representantes da Embaixada da Ucrânia em Portugal bem como do executivo da autarquia de Faro. E o professor universitário António Rosa Mendes dará uma palestra o tema.

«Golodomor: um acto de genocídio contra o povo ucraniano» é o titulo da exposição que estará patente até dia 29 de Março.


Fonte

sexta-feira, março 07, 2008

Quinta da Ombria - Vitima do Lobby da Construção

LOULÉ: Ombria é modelo para o interior
fonte_da_benemola.jpg

A associação Almargem contesta a aprovação do projecto da Quinta da Ombria, em Loulé, por ir contra valores naturais. Câmara diz que é precisamente o oposto.

“Compreendo a posição da Almargem, que tenta manter um certo tipo de interior e preservar aquilo que existe”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Seruca Emídio ao Observatório do Algarve.

Compreende, mas não concorda. O autarca garante que o projecto previsto para a Quinta da Ombria, próximo de Tôr e Querença, respeita os valores ambientais e contribuirá para o desenvolvimento do interior.

“O papel da autarquia é também preservar a qualificação ambiental, mas há hoje zonas protegidas que estão completamente ao abandono. O Estado não tem condições nem meios para os salvaguardar e um projecto deste tipo deve investir na salvaguarda destas zonas classificadas.

Em comunicado divulgado ontem, a Almargem critica a aprovação do Plano de Pormenor (PP) da Quinta da Ombria, considerando-o como um exemplo errado de desenvolvimento: “O PP agora aprovado viabiliza uma proposta de ocupação massiva para uma área caracterizada pela baixa densidade demográfica, promovendo a transformação de espaço rural em urbano, ao arrepio das actuais orientações de planeamento, e baseando-se exclusivamente no imobiliário turístico, persistindo em desrespeitar os valores paisagísticos em presença”, afirma a organização ambientalista algarvia.

A Almargem alerta ainda para a pressão demográfica que o projecto irá colocar naquela área: “Propondo-se ocupar áreas de elevada biodiversidade (matagais, sobreirais e

azinhais) integradas no Sítio Natura 2000 - Barrocal, bem como áreas classificadas como REN e RAN e com uma ocupação prevista superior à actual população da freguesia de Querença (800 habitantes), este projecto revela-se massivo e socialmente injusto”, adianta. “O projecto de aproveitamento turístico da área da Quinta da Ombria (Loulé) é antes de mais um claro exemplo do modelo já gasto do litoral que se está a querer importar para o interior”, afirma a Almargem.

Seruca Emídio nega. “O paradigma é totalmente diferente. Não estamos falar de terrenos na orla costeira mas sim a valorizar um outro Algarve. Finalmente foi possível aprovar um projecto deste género, que queremos que seja exemplar”, afirma o autarca, garantindo que tudo fará para que, até ao final, seja salvaguardado o interesse dos valores naturais em jogo. Quanto à ameaça da Almargem, de possível recurso a uma queixa na Comissão Europeia, Seruca desdramatiza: “Em 2006 já houve um parecer da Comissão Europeia e foi positivo, não pôs em causa o Estudo de Impacte Ambiental que foi realizado, de outra forma não teríamos avançado com o projecto”, afirma. “Ainda assim, estamos a tempo de corrigir o que estiver ao nosso alcance, se me provarem que houve falhas”, acrescenta. Recorde-se que, já em 2004, a Liga de Protecção da Natureza tinha apresentado uma queixa na EU, com vista à defesa do aquífero Querença-Silves, o maior do Algarve.

Previsto para uma área de 144 hectares, o projecto turístico da Quinta da Ombria contempla 1700 camas localizadas no Sítio Barrocal da Rede Natura e mesmo ao lado do Sítio Classificado da Fonte Benémola. Para além de um campo de golfe de 18 buracos, inclui a construção de 1 hotel de 5 estrelas, 12 blocos de apartamentos e 35 moradias.

Os promotores – um grupo finlandês – deverão investir cerca de 100 milhões de euros.

(Pode consultar o comunicado da Associação Almargem clicando no ficheiro em baixo)




Ver Anexo: Quinta da Ombria.doc







Quinta da Ombria: Ambientalistas querem travar projecto

A associação ambientalista Almargem quer apresentar uma queixa à Comissão Europeia para travar o projecto da Quinta da Ombria, Loulé, iniciativa aceite pelo presidente da Câmara.

O projecto, previsto para o interior de Loulé, arrasta-se há mais de uma década e já foi alvo de uma queixa apresentada pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) à Comissão Europeia, que ainda não encerrou o processo.

O Plano de Pormenor do empreendimento turístico e imobiliário que se estende por uma área de 144 hectares entra hoje em vigor, depois de ter sido publicado quinta-feira em Diário da República.

A Quinta da Ombria, que ocupa terrenos inseridos na Rede Natura 2000, deverá ter um clube de golfe, um aldeamento turístico de 4 estrelas, um hotel de 5 estrelas e dezenas de moradias, num total de 1.700 novas camas.

Em declarações à Lusa, Luís Brás, da Almargem, disse que, apesar de o processo estar a avançar legalmente, não é tarde para apresentar uma queixa às instâncias europeias, tal como já fez, em 2004 a LPN.

"Estamos a trabalhar na fundamentação da queixa que queremos que avance o mais depressa possível", afirmou, argumentando que o recurso à Comissão Europeia se baseia no facto de "já estarem esgotadas todas as hipóteses".

Por seu turno, o presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, mostrou-se satisfeito com a aprovação e publicação do Plano de Pormenor da Quinta da Ombria e afirma "compreender" a posição dos ambientalistas.

"Acho bem que façam [a queixa] para que fiquem dissipadas todas as dúvidas", disse à Lusa, estranhando, contudo, que a Almargem ainda se questione sobre um projecto que já passou no Estudo de Impacte Ambiental.

"Se acham que ainda têm dúvidas sobre um projecto que já foi objecto de discussão pública, que vai gerar emprego e contribuir para desenvolver uma zona deprimida do concelho, então que o façam", afirmou.

Seruca Emídio ressalvou ainda que a autarquia vai zelar para que sejam cumpridas todas as condicionantes ambientais inerentes ao projecto que, diz, "só tem a ganhar se contribuir para a preservação do ambiente".

Já os ambientalistas acham que a Quinta da Ombria não passa de "uma cópia importada do mesmo litoral massificado", apontando o projecto como um verdadeiro exemplo da desajustada política de ordenamento.

A Almargem critica o facto de o empreendimento, que atravessará as freguesias de Querença e Tôr, incidir sobre zonas classificadas não só como Rede Natura como também Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN).

Considera ainda que as cerca de 1.700 camas inerentes ao projecto esgotam totalmente a capacidade de acolhimento prevista no Plano Director Municipal (PDM) de Loulé, duplicando de um momento para o outro a população residente no conjunto das duas freguesias.



Fonte: www.observatoriodoalgarve.com